Pesquisa
Encomendamos um estudo que captou a opinião de mais de 2 mil brasileiros sobre vacinação. Nossas parcerias com instituições nacionais e estrangeiras geraram inúmeros levantamentos e um edital sobre políticas públicas para a saúde infantojuvenil. Num relatório do Fórum Econômico Mundial, nosso Departamento de Pesquisa foi citado como exemplo de produção de conhecimento sobre filantropia
Destaques 2023
43
04
Pós doutor17
Doutor/doutorando
13
Mestre/mestrando
05
Graduado04
Cursando graduação15
projetos em rede desenvolvidos no Instituto PENSI – Sandra Mutarelli Setúbal529
estudos já conduzidos pelo PENSI, incluindo patrocinados e de viabilidadeAssim que a FJLES ampliou sua atuação para além da assistência à saúde, ficou claro que garantir uma infância saudável exigia ampliar muito o conhecimento sobre essa faixa etária. Ampliar em várias direções: tanto em saúde no sentido mais específico quanto em sentido mais abrangente, que inclui os determinantes sociais.
Nosso primeiro passo para enfrentar esse desafio foi a criação, em 2012, do Instituto Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil, o PENSI, em 2023 rebatizado de Instituto PENSI – Sandra Mutarelli Setúbal. Desde então, ele já conduziu mais de 500 estudos na área médica, em tópicos como doenças imunológicas, neurodesenvolvimento, nutrição e imunização. Só no ano passado, o Comitê de Ética em Pesquisa do PENSI fez 108 pareceres e analisou 41 projetos. Em nossa plataforma de gerenciamento de estudos há 603 pesquisadores cadastrados.
São estudos como o EI-3, que acompanhará centenas de crianças para avaliar o desenvolvimento neurológico delas em instituições ou famílias de acolhimento. O trabalho está sendo conduzido em parceria com universidades norte-americanas (de Maryland e Tulane), com o Hospital Infantil de Boston e com OSCs brasileiras. O PENSI também participou de uma pesquisa que comparou o Índice de Massa Corporal (IMC) de 71 milhões de crianças de zonas urbanas e rurais. Os resultados foram publicados na revista Nature.
Um segundo passo para ampliar o conhecimento foi estabelecer, em 2020, o Núcleo de Pesquisa, que cresceu e virou, em 2023, o Departamento de Pesquisa. Ele conta com profissionais de diversas áreas – ciência política, antropologia, sociologia, ciência de dados… – e se debruça sobre duas grandes áreas. Uma delas é ciências sociais e políticas públicas em saúde infantil: por meio de seus próprios estudiosos ou em colaboração com outras instituições, tem ajudado a iluminar pontos fundamentais das estratégias voltadas a crianças e adolescentes.
Nessa área, o departamento produz e apoia tanto levantamentos quantitativos (em 2023, o principal foi a pesquisa sobre vacinação, apresentada no Fórum da FJLES) como qualitativos. Entre os parceiros nessa empreitada estão instituições como o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), a Emory University, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), com quem lançamos um edital para fomentar estudos sobre políticas públicas voltadas ao bem-estar e à saúde infantojuvenil. O departamento também assessora a Fundação na contratação de estudos externos. Já há dois anos, por exemplo, a FJLES financia o capítulo sobre violência contra crianças e adolescentes no anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nessa mesma área, encomendamos em 2023 um trabalho sobre violência nas escolas ao instituto Debate Democrático na Educação (D³e).
A segunda grande área temática do departamento está atrelada a outro foco da Fundação: filantropia e inovação social. O Departamento de Pesquisa tem se firmado como referência na compreensão desses campos, seja prestando serviços para instituições parceiras – como Pastoral da Criança e B3 Social -, seja colaborando com publicações científicas em áreas como filantropia, bioeconomia e uso de machine learning para identificação de risco de mortalidade infantil. Em 2023, foi citado como exemplo de pesquisa sobre filantropia em um relatório do Fórum Econômico Mundial.
Nossos estudos, portanto, abarcam de Transtorno do Espectro Autista (TEA) a maus-tratos, de estupro a tipos graves de alergia, de Covid-19 a emendas parlamentares para saúde infantil. Um espectro extremamente abrangente – porque, de fato, há muito mesmo a ser pesquisado para assegurar um futuro melhor a crianças e adolescentes.
Nossas ações em 2023
FJLES
Violência contra crianças: aumento generalizado
Dos oito crimes contra crianças e adolescentes monitorados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sete aumentaram entre 2022 e 2023, de acordo com o anuário mais recente da entidade. Na publicação, o capítulo sobre violência contra crianças e adolescentes é financiado pela FJLES.
Leia o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023
Os números são impressionantemente altos e (…) já extrapolam as estatísticas anteriores à pandemia de Covid-19”
Sofia Reinach e Betina Barros, pesquisadoras do Fórum Brasileiro de Segurança PúblicaNome: Anuário Brasileiro de Segurança Pública
Parceiro: Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Eixo: Grantmaking/Apoio a projetos
Área: Prevenção à violência
Valor investido em 2023: R$ 152.250
Local de atuação: São Paulo (SP) e Brasília
58% dos ataques a escolas aconteceram nos últimos 2 anos
Dos 36 ataques contra escolas já registrados no Brasil, 21 ocorreram em 2022 e 2023, mostra um relatório encomendado pela FJLES ao Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e). O levantamento mapeia os casos de violência extrema em ambientes escolares, aponta as principais causas do problema e sugere algumas linhas de ação.
O trabalho fundamentou uma nota técnica enviada ao Grupo de Trabalho (GT) da Câmara dos Deputados responsável por analisar e debater políticas de combate à violência nas escolas brasileiras. Serviu também de base para a participação da FJLES no seminário Ambiente Escolar Seguro – Políticas Educacionais e Comunidade Escolar, organizado pelo GT.
Leia o relatório Ataques de Violência Extrema em Escolas no Brasil
Assista ao seminário Ambiente Escolar Seguro – Políticas Educacionais e Comunidade Escolar
Nome: Relatório – Ataques de Violência Extrema nas Escolas do Brasil e Nota Técnica “Impactos da Violência no Contexto Escolar”
Parceiro: D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação
Eixo: Grantmaking/Apoio a projetos
Área: Prevenção à violência
Valor investido em 2023: R$ 80.000
Local de atuação: São Paulo (SP)
Emendas parlamentares na saúde: cidade que precisa mais recebe menos
Os municípios com menor cobertura do Programa Saúde da Família e com menor gasto em saúde são também os que menos recebem recursos de emendas parlamentares voltadas à saúde básica. É o que aponta o estudo Emendas na Saúde: Reduzindo Desigualdades, realizado no âmbito da Rede Temática de Saúde do Gife, com financiamento da Fundação. A pesquisa mapeia esse tipo de verba e recomenda critérios para os deputados e senadores as distribuírem melhor.
Em outra iniciativa para acompanhar mais de perto tais repasses, nosso Departamento de Pesquisa começou a desenvolver uma plataforma on-line, em parceria com profissionais da Emory University e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Por enquanto, o levantamento se debruça em emendas para organizações da sociedade civil (OSCs) de saúde. A ferramenta interativa ainda está em fase de testes. Ela vai mostrar mapas, gráficos e tabelas com inúmeras possibilidades de cruzamentos de informações.
Leia o estudo “Emendas na Saúde: Reduzindo Desigualdades”
Nome: Rede Temática de Saúde – Estudo Emendas Parlamentares
Parceiro: Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife)
Eixo: Grantmaking/Apoio a projetos
Área: Infraestrutura do setor filantrópico
Valor investido em 2023: R$ 15.000
Local de atuação: São Paulo (SP)
Incentivo à pesquisa social sobre crianças e adolescentes
Em parceria com a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), lançamos um edital para apoiar estudos sobre bem-estar e saúde infantojuvenil na perspectiva das ciências sociais e das políticas públicas. A iniciativa pretende consolidar redes de pesquisa no Brasil sobre os desafios para a saúde de crianças e adolescentes, em especial dos que vivem em situação vulnerável. Os trabalhos selecionados receberão R$ 15 mil.
Reconhecimento global
O Departamento de Pesquisa da FJLES foi citado como um exemplo de trabalho em estudos sobre filantropia e inovação social no relatório Desbloqueando a economia social – Rumo a uma sociedade inclusiva e resiliente, cuja versão em português foi publicada em 2023. O documento, feito pelo Fórum Econômico Mundial, pela Schwab Foundation for Social Entrepreneurship e pela Deloitte, aponta caminhos para incentivar a economia social (empresas sociais, cooperativas e organizações sem fins lucrativos). Uma das prioridades para esse incentivo é “coletar, mensurar e visualizar dados de impacto social” – e é nessa tarefa que o trabalho do departamento foi destacado.
Iniciativas em prol de uma cultura de doação
Quantas são e quais são as iniciativas que estimulam a cultura de doação no Brasil? Para responder a essa pergunta, o Departamento de Pesquisa mapeou projetos de organizações alinhadas ao Movimento por uma Cultura de Doação (MCD). O levantamento, feito a pedido do próprio movimento, envolveu pesquisa on-line e entrevista com pessoas que ocupam cargos executivos nessas organizações.
Mais de dois terços dos fundos patrimoniais são paulistas
A segunda edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais detectou que 64,4% dos fundos brasileiros voltados à filantropia são de instituições sediadas no estado de São Paulo. A publicação foi elaborada pelo Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e pela Coalizão pelo Fundos Filantrópicos. Dos 59 endowments que responderam à pesquisa, 38 são paulistas. Juntos, os fundos pesquisados somam R$ 123 bilhões.
O presidente do Conselho Superior da FJLES, José Luiz Egydio Setúbal, e a assessora Márcia Kalvon Woods escreveram, no anuário, um artigo sobre a importância da gestão nesse tipo de estratégia de investimento.
A governança é essencial para o sucesso dos fundos patrimoniais, pois eles garantem a continuidade e o impacto das iniciativas filantrópicas”
José Luiz Egydio Setúbal, presidente do Conselho Superior da FJLES,Márcia Kalvon Woods, assessora da Fundação, em artigo para o anuário
Ajudando instituições a avaliarem sua própria atuação
As organizações da sociedade civil fazem um trabalho essencial para o país, mas sempre há o que melhorar. Analisar informações sobre a atuação delas pode mostrar caminhos promissores. Em 2023, nosso Departamento de Pesquisa apoiou várias OSCs e vários movimentos com esse objetivo, como:
- Dia de Doar: avaliação de desempenho de campanhas comunitárias e de arrecadações em plataformas de financiamento coletivo.
- Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAAC): produção de relatório mensal com análise de indicadores-chave de captação de doações.
- Pastoral da Criança: análise da literatura sobre impacto coletivo e engajamento, e disseminação de conhecimentos para promoção da saúde infantil em diferentes contextos.
O quanto uma ação está alinhada a uma causa?
O Departamento de Pesquisa desenvolveu, para a B3 Social, uma ferramenta de análise que indica em que medida cada projeto está alinhado à nova missão adotada pela instituição. Os projetos recebem pontos, de acordo com sua adequação. Dessa forma, a análise fica mais ágil e menos subjetiva.
Os trabalhos de nossa equipe do Departamento de Pesquisa resultaram na publicação de vários textos em livros e periódicos acadêmicos. Eis uma breve amostra:
Comparative Civil Society and Third Sector Research in Voluntas
Onde foi publicado: Voluntas
Tema: Pesquisa comparativa sobre sociedade civil e terceiro setor
Pesquisadora da FJLES envolvida: Bruna de Morais Holanda
Better individual-level risk models can improve the targeting and
life-saving potential of early-mortality intervention
Onde foi publicado: Scientific Reports
Tema: Possibilidades de melhorar o foco das ações contra mortalidade infantil
Pesquisador da FJLES envolvido: Antonio Pedro Ramos
Should explainability be a fifth ethical principle in AI ethics?
Onde foi publicado: AI Ethics
Tema: Princípios éticos em inteligência artificial
Pesquisadores da FJLES envolvidos: Marcos Paulo Lucca-Silveira e Adriano Figueiredo Bechara
TIC, doações individuais e organizações sem fins lucrativos
Onde foi publicado: livro TIC Organizações Sem Fins Lucrativos (pág. 129)
Tema: A relevância das doações individuais para as organizações sem fins lucrativos
Pesquisadores da FJLES envolvidos: Flávio Pinheiro e Marcos Paulo Lucca-Silveira
Instituto Pensi
Pesquisa em alta
O Instituto PENSI – Sandra Mutarelli Setúbal acentuou suas ações em pesquisa, ampliando várias linhas de trabalho. O número de projetos submetidos, por exemplo, mais do que dobrou entre 2022 e 2023. Atualmente, temos 603 pesquisadores cadastrados em nossa plataforma de gerenciamento de estudos (PesqEasy).
O trabalho intenso se refletiu também no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), que avalia propostas de estudiosos do Sabará e de outras instituições. Em 2023, o CEP elaborou 108 pareceres e analisou 41 projetos.
BALANÇO DO CENTRO DE PESQUISA
Desde 2012 | Em 2022 | Em 2023 | |
---|---|---|---|
Projetos submetidos | 374 | 17 | 38 |
Estudos patrocinados | 47 | 10 | 9 |
Estudos de viabilidade | 192 | 28 | 34 |
Publicações | 277 | 20 | 36 |
Acolhimento institucional ou familiar?
A pesquisa sobre desenvolvimento neurológico de crianças em famílias ou instituições de acolhimento prosseguiu em 2023. O EI-3, como é chamado, planeja estudar centenas de crianças – as que estão em acolhimento institucional, as que estão em acolhimento familiar e as que moram com a família biológica e nunca foram institucionalizadas. Ainda em andamento, o trabalho foi apresentado em um evento do PENSI e da Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo. Na ocasião, foi destacada a importância de capacitar as famílias acolhedoras.
O EI-3 é uma parceria do PENSI com as universidades de Maryland e Tulane (Estados Unidos), com o Hospital Infantil de Boston, a Associação Beneficente Santa Fé, o Instituto Fazendo História e o Lar Amor Luz e Esperança da Criança (Lalec).
IMC infantil é parecido nas cidades e no campo
Ao contrário do que se poderia imaginar, o Índice de Massa Corporal (IMC) de crianças e adolescentes das cidades é semelhante ao de seus pares da zona rural, segundo um estudo publicado na revista Nature do qual participaram pesquisadores do Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (Cenda), do Instituto PENSI. A pesquisa abrangeu 71 milhões de participantes de 200 países e territórios. Foram analisados a altura e o IMC de pessoas de 5 a 19 anos entre 1990 e 2020.
O que torna a Covid-19 mais grave em crianças?
Um estudo do Núcleo de Doenças Respiratórias e Alérgicas, do PENSI, avaliou 964 crianças brasileiras que tiveram casos sintomáticos de Covid-19. A maior parte registrou uma doença leve, mas uma proporção significativa precisou ser hospitalizada – os efeitos mais comuns foram bronquiolite aguda e pneumonia. Crianças obesas e menores de 2 anos tenderam a ter risco maior de contrair uma versão grave da enfermidade.
Alergia grave: alimentos são o maior problema
Outra pesquisa do Núcleo de Doenças Respiratórias e Alérgicas concentrou-se em pacientes atendidos no pronto-socorro do Sabará com um tipo grave de alergia, chamado de anafilaxia. Publicada na revista mais importante do setor, a da Organização Mundial de Alergia (WAO), a análise de prontuários cobriu o período de 2016 a 2019. A incidência de casos prováveis foi baixa, mas os alimentos foram o fator mais comum a deflagrar a reação alérgica.
Autismo e Realidade
Famílias com filho com autismo gastam duas vezes mais
As famílias que têm crianças ou adolescentes com nível 3 (grave) de Transtorno do Espectro Autista (TEA) gastam mais do que o dobro do que as famílias típicas, mostrou um estudo feito pelo PENSI em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Na média, as despesas por pessoa são R$ 1.859 a mais por mês. Atenção: por pessoa da família. Portanto, numa casa com mãe, pai e três filhos o custo médio adicional é de R$ 9.295.
A pesquisa foi feita por meio de formulário, respondido por famílias típicas (79), com filhos com autismo em nível 1 ou 2 (57) e com filhos autistas nível 3 (40). O trabalho obteve informações sobre gastos com alimentação, transporte, educação, saúde (incluindo plano de saúde e terapias psicológicas), apoio doméstico (por exemplo, de babás) e sobre perda de renda (por exemplo, quando uma pessoa, quase sempre a mãe, deixa de trabalhar ou trabalha menos para cuidar do filho).
Leia mais detalhes sobre a pesquisa “Quanto custa criar um filho com TEA”