Cuidar faz com que a gente evolua. Na primeira parte dessa postagem trouxemos uma fala da Renata Requena na qual ela menciona que se a pessoa que trabalha na área administrativa focar só no papel, burocraticamente está tudo certo, mas ela não evolui. Não podemos deixar essa fala passar despercebida! Evoluímos quando temos em mente o propósito daquilo que estamos fazendo.


Uma pessoa que cuida de papel não está cuidando de papel, mas das pessoas por meio do papel. Isso é algo que a Carolina Dantas, controller da FJLS, enfatizou em certa ocasião, quando disse que “o administrador hospitalar tem a obrigação, o compromisso, o dever de cuidar do enfermo por meio dos instrumentos administrativos”, pois todas as atividades administrativas e de apoio “interferem muito na qualidade assistencial, no desfecho, na percepção do cliente, na sensação de conforto e segurança desse cliente diante do serviço de saúde”. Ou, ainda, a Diretora da Expansão, a Cristiane D’Andrea, que uma vez confessou não ter inclinação para a área assistencial diretamente, mas que gosta de “criar as condições do Cuidar”.


No caso da Cristiane, criar as condições do Cuidar significa nada menos que gerenciar a expansão da FJLS, em especial a construção da nova unidade do Sabará, que busca traduzir no espaço físico todo o cuidado do Hospital e que, para isso, leva em consideração tanto os aspectos técnicos e normativos necessários a um prédio hospitalar quanto os aspectos humanos necessários ao cuidado de crianças (por exemplo, a iluminação, conforto e ambientação, do mesmo modo que acontece na nossa unidade da Angélica, em que a ambientação tem um aspecto educativo, lúdico e de estimulo à criatividade). É isso que diz a Luana de Alencar Radesco, arquiteta do Núcleo de Expansão:


“O hospital tem uma carga funcional muito rigorosa porque precisa atender todos os processos. Os fluxos têm de estar perfeitos, porque estamos tratando da saúde de crianças. Mas ele tem de atender também a necessidade de acolher cada família e de cuidar das suas emoções. Esse desafio acaba deixando o projeto hospitalar muito complexo, e em um hospital infantil esses aspectos são potencializados, pois a carga humana é ainda maior”.


Mas qual é o propósito dessa expansão? Em primeiro lugar, aumentar nossa capacidade de atendimento para poder cuidar mais e melhor daqueles que precisam dos serviços assistenciais oferecidos pelo Sabará. Mas não só isso! Afinal, somos uma instituição filantrópica e todo o resultado financeiro do Hospital (a unidade atual e a que está em construção) serve não apenas para aprimorar a qualidade assistencial, mas para financiar outras formas de Cuidar aqui na FJLS, ou seja, as ações em defesa da infância, fortalecimento do terceiro setor e incentivo à filantropia desenvolvidos pelo Infinis, além da produção e disseminação de conhecimento, como eventos, informações para público em geral, atividades de ensino e realização de pesquisas. 


Um projeto que estuda o Cuidar. Uma das pesquisas realizadas pelo Instituto Pensi é o EI-3 (já falamos sobre ela por aqui, veja o link abaixo), que é basicamente uma pesquisa sobre o impacto do Cuidar no desenvolvimento das crianças e na capacidade delas de desenvolverem vínculos, ou seja, aspectos que impactarão o resto de suas vidas. Nessa pesquisa, são estudados bebês em medida de acolhimento cuidados em instituições (abrigos) ou por famílias acolhedoras, e o objetivo é demonstrar que o acolhimento institucional na primeira infância gera uma série de efeitos deletérios e que crianças nessa faixa etária devem ser encaminhadas para famílias acolhedoras.


Trata-se uma pesquisa internacional e complexa, com uma parte burocrática muito extensa (inclusive por conta de todas as questões éticas envolvidas), mas indispensável para que o projeto seja possível. A seguir, trazemos a fala da Laura Rojas Vidaurreta, gerente do projeto, que amarra o que estamos dizendo ao longo dessa série sobre o Cuidar:


Uma das primeiras bebês participantes do projeto foi adotada junto com o irmão por uma família que está radiante de felicidade por ela estar ali, e ela está começando a construir um vínculo de afeto com essa família adotiva. Depois de ser muito bem cuidada em uma família acolhedora formada em nossos serviços, ela está bem e com recursos e com vida e com alegria para se realizar e continuar a vida. Aí é que eu sinto que o que nós estamos fazendo aqui, com todo esse mundo de burocracia e orçamentos e demais coisas que a gente não especificamente se realiza fazendo... eu penso que tudo faz sentido. E do ponto de vista pessoal, eu sinto que esse trabalho que estamos fazendo aqui está alinhado com o que eu idealizei quando comecei a estudar psicologia, que era aquela intenção mais romântica de que a gente tinha que contribuir de alguma forma, ainda sendo pequena, para que o mundo fosse melhor, para que as pessoas sentissem que a experiência de vida vale a pena e que há caminhos possíveis de transformação e cuidado.


Aqui na Fundação estamos sempre explorando novos recursos para Cuidar mais e melhor das crianças e da sociedade. Esperamos que você se sinta inspirado a fazer o mesmo!